sábado, 23 de maio de 2009

Caerphilly Castle - País de Gales


O castelo de Caerphilly é uma das maiores fortalezas medievais da Europa. Poucos outros castelos, talvez apenas Windsor e Dover, ambos na Inglaterra, podem competir com Caerphilly, em termos de dimensões e imponência. O complexo é formado por um conjunto de torres, grossas muralhas duplas e engenhosas linhas de defesa que o tornaram inexpugnável aos ataques dos exércitos inimigos.
Sua construção é obra de Gilbert de Clare, o Lorde de Glamorgan, e representou um marco da arquitetura medieval. Os serviços duraram 20 anos, sendo que a maior parte dos mesmos foi executada entre 1268 e 1271. Seu objetivo principal era defender a região contra os ataques das tribos galesas, lideradas pelo terrível Llywelyn. Estas terras haviam sido conquistadas dos galeses em 1266, e a construção de uma fortificação era essencial para mantê-las na mão dos ingleses.
Os serviços começaram com a inundação de uma vasta área, de forma a criar o lago dentro do qual seria erigido o castelo. A água era, na prática, a primeira muralha de proteção contra ataques, e ajudava a manter os inimigos mais afastados. Em três ilhas no centro do lago foram lançadas as primeiras fundações de Caerphilly. O castelo consistia em um núcleo principal, cercado por dois circuitos concêntricos de muralhas, intercaladas com torres de guarda. Uma destas, conhecida como East Inner Gatehouse, era tão grande que equivalia a muitos outros castelos menores, sendo que anexo à mesma estava localizado o Banqueting Hall, salão de festas e principal ponto de atividades sociais do castelo.
Seu estilo arquitetônico é considerado um marco em termos de técnicas defensivas da idade média. A disposição de suas muralhas duplas, em forma de paralelogramos, rodeadas por fossos de água, foi uma novidade para a época. Isto permitia acesso rápido a qualquer parte do castelo, e fazia de suas torres pontos independentes de defesa e controle de cada setor, com amplo ângulo de visão. Além disso, o sistema de muralhas duplas impedia que, caso a muralha externa fosse conquistada, os invasores avançassem com seus equipamentos e catapultas até a muralha interna.
Graças a isto, o castelo de Caerphilly foi cercado, sitiado e ameaçado várias vezes por diversos exércitos inimigos, mas nunca chegou a ser tomado. Além de Caerphilly, os De Clare construíram outras fortificações, como o Castelo Coch, em diferentes extremidades do que consideravam seu território, o país de Gales. Como guarnição militar, Caerphilly teve uma vida útil relativamente curta. Poucos anos após a conclusão das obras, em 1283, os habitantes do País de Gales tinham sido completamente derrotados pelo rei inglês Edward I, e seu domínio nesta região era absoluto. Isto tornava a necessidade de manutenção de uma grande fortaleza, como Caerphilly, quase desnecessária. Mesmo para um soberano da época, a manutenção de um grande castelo representava um pesado custo financeiro.
Depois da conquista do sul de Gales, Caerphilly só voltou a ver alguma ação durante a guerra entre o rei Edward II e sua mulher, a rainha Isabella. Pelo que relata a história, o rei e a rainha se desentenderam devido a interesses políticos conflitantes. Decidida a destronar seu marido e também Hugh Despenser, o braço direito real, Isabella uniu-se a uma facção de opositores ao rei e determinou que a parte do exército que era leal a ela atacasse e sitiasse o castelo de Caerphilly, entre dezembro de 1326 e março de 1327, onde estava o rei. Mas antes disso o soberano conseguir escapar e Hugh Despenser, seu braço direito, foi enforcado.
No final do conflito, a rainha Isabella havia triunfado, e seu colaborador principal, Roger de Mortimer, foi ricamente recompensado com o título vitalício de ministro da Justiça do País de Gales. Desprezado pela rainha, e abandonado pelos descendentes da família Despenser, que haviam se mudado para residências mais confortáveis, o castelo foi abandonado. Sem finalidades práticas do ponto de vista militar, Caerphilly foi aos poucos sendo esvaziado, esquecido, e logo estava em ruínas.
Como agravante, durante o século 16, as pedras do castelo passaram a ser utilizadas como material de construção para novas residências, o que contribuiu para destruir o que ainda restava. No século 17 um novo golpe atingiu Caerphilly. Durante a Guerra Civil, disputa entre monarquistas e parlamentaristas que dividiu a Inglaterra, foram registrados ataques com canhões de pólvora às muralhas e torres do castelo. Não que ele ainda representasse alguma ameaça a qualquer uma das partes, mas sim pelo que Caerphilly simbolizava historicamente para os monarquistas.
Daí para a frente, no que diz respeito à sua preservação histórica, Caerphilly infelizmente não teve a mesma sorte de outros castelos. É até mesmo interessante observar (e será apenas acaso?) que os castelos situados no País de Gales não mereceram a mesma atenção ou preservação por parte do governo, daqueles situados na Inglaterra.
Caerphilly permaneceu completamente abandonado por três séculos, e apenas a partir de 1928, começou a sofrer um modesto programa de reformas, graças à iniciativa da 4a Marquesa de Bute. No entanto, a recuperação de um castelo deste tamanho necessita de grandes fortunas, o que nem a marquesa dispunha. E por isso, quando hoje visitamos esta magnífica obra de engenharia militar da idade média, ainda encontramos quase que exclusivamente ruínas. Seu ponto mais famoso, e que tornou-se praticamente a marca registrada de Caerphilly, é a torre sudeste, batizada de Leaning Tower, partida ao meio por uma grande rachadura, e visivelmente inclinada, mas que, por teimosia e altivez, recusa-se a desabar
O castelo de Caerphilly está situado cerca de 10 km ao norte da cidade de Cardiff. Para quem está de carro tome como referência a saída número 32 da auto-estrada M4. O acesso ao castelo está situado 4 km depois desta saída. Se estiver viajando de trem, tome como ponto de partida a cidade de Cardiff, e pegue qualquer trem para a cidade de Caerphilly. O castelo fica a pouca distância do centro da cidade, e pode ser atingido em alguns minutos de caminhada.
Fonte:www.viagensimagens.com

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