Em fins de 1066, William o Conquistador (Guillaume, le Conquérant, vulgo Duque da Normandia), partia do norte da França com milhares de guerreiros e seus cavalos, mil embarcações, atravessava o Canal da Macha, e dava início à mais famosa, bem sucedida e definitiva invasão da Inglaterra que a história registra. Na batalha de Hastings, em 14 de outubro daquele mesmo ano, derrota o rei Saxão Harold, e torna-se o novo soberano das terras britânicas.
Para ajudar a preservar seu recém conquistado território de eventuais contra-ataques, dois meses depois William já ordenava a construção de fortificações na cidade de Londres, a maior e mais importante daquela ilha. Uma destas fortificações, construída ainda em madeira, foi erigida na extremidade sudeste das muralhas que os romanos haviam deixado em Londres, quase às margens do rio Thames. Esta foi a humilde origem do que viria a ser o castelo mais importante de Londres, e por conseqüência, da Inglaterra.
Dez anos mais tarde, já com o poder sobre a Inglaterra plenamente assegurado, mas sempre cauteloso, William determinou que a fortificação em madeira fosse substituída por outra de pedra, mais resistente e duradoura. Uma grande torre central foi construída, a qual passou a ser conhecida como London Tower (Torre de Londres). Com o passar do tempo, à medida que outras fortificações, torres e muralhas eram construídas em volta desta primeira edificação, a construção central passou a ser chamada de White Tower (torre branca, na foto ao lado) e o nome London Tower passou a ser utilizado para designar todo o castelo construído em volta da White Tower.
Mais do que apenas outro castelo, a Torre de Londres em pouco tempo iria se tornar um símbolo, e passar a representar a própria monarquia inglesa, com suas tradições, histórias e lendas. Em 1189, quando o rei Ricardo I, conhecido como Ricardo Coração de Leão participava das Cruzadas, seu conselheiro William Longchamp começou a primeira expansão da Torre de Londres, com a construção de novas muralhas e torres. A utilização de Torre de Londres como residência real só começou em 1216, graças ao rei Henry III. Ele decidiu construir, entre a White Tower e a margem do rio, um confortável palácio. Mas as coisas estavam longe de ser calmas para o soberano, e ele não pode desfrutar com calma de seu novo palácio. Ser rei era ter que lidar constantemente com nobres, barões ou duques, sempre ávidos por terras e poder, muitos deles com exércitos particulares, e que as vezes se uniam para tentar depor o rei e colocar no trono alguém que lhes agradasse mais, geralmente um dos próprios barões.
Novas fortificações foram acrescentadas à Torre de Londres, que não parava de crescer. Mas foi o filho de Henry II, o rei Edward I, que deu o toque final à Torre de Londres. Durante dez anos de seu reinado, entre 1275 e 1285, ele gastou uma fortuna para tornar a Torre de Londres uma fortaleza praticamente inexpugnável, com a construção de muralhas adicionais, inclusive junto à margem do rio. Além de palácio real, a fortificação logo se tornou o ponto ideal para guardar armamentos, munição e os valiosos tesouros de ouro e prata da monarquia inglesa. Abaixo, armadura de Henrique VIII e de seu cavalo, em exposição no salão de armaduras medievais da torre.
Na época medieval, a torre passou a servir também como mais importante prisão da cidade. Lá eram mantidos desde desordeiros comuns até nobres revoltosos e perigosos inimigos políticos que ameaçavam o poder do rei. Os mais perigosos eram mantidos em Dungeons, as masmorras do castelo, de onde freqüentemente eram enviados para a tortura, ou então decapitados (ou então as duas coisas...). Graças a este tenebroso período a Torre de Londres adquiriu a fama de ser um dos castelos mais mal assombrados do Reino Unido, e diversas histórias são contadas a respeito de pessoas que até hoje ouvem o som das correntes de antigos prisioneiros, ou vêem vagando à noite pelos corredores vultos fantasmagóricos de ilustres decapitados.
Em 1660, após a guerra civil, a monarquia foi restaurada e Charles II voltou a ocupar o trono. A torre passou então por um elaborado programa de reformas que inclusive modificou a aparência de alguns de seus prédios. Para evitar novas revoltas parlamentaristas, o rei ordenou que uma guarnição militar ficasse permanentemente à sua disposição em um novo quartel incorporado à torre. Além disso, um arsenal e novos canhões foram incorporados ao conjunto.
Por volta de 1715 a Torre de Londres já tinha se tornado um conjunto de palácio real, fortaleza, prisão, tesouro, arsenal, guarnição militar e atração turística. Datam desta época as primeiras exibições das imensas peças de ouro e prata maciças, organizadas inicialmente com a finalidade de impressionar os visitantes com a grandeza, poderio e esplendor da coroa.
No início do século 19 a torre não era mais vista como uma guarnição militar essencial. O medo de revoltas populares e rebeliões políticas era coisa do passado. Foi graças ao marido da rainha Victoria, o Príncipe Albert, que a Torre de Londres assumiu o papel de Monumento Histórico Nacional. Ele determinou que os prédios sem valor histórico fossem demolidos, e aqueles realmente importantes fossem reformados. Ao final do reinado da Rainha Victoria, meio milhão de pessoas por ano já visitavam a Torre.
A torre de Londres é hoje a mais visitada atração turística da cidade. Lá estão em exibição a maior exposição de armas e armaduras medievais do mundo, as jóias da coroa inglesa, museus, curiosidades, apresentações ao vivo, e muita história.
Fonte: wwwviagensimagens.com
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